segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Educação para ter e fazer

Olhando por estes óculos que me servem, com a perspectiva de um trabalhador da educação que vive da comunicação, ouso discutir estes fazeres e ofícios, na semana em que troquei o grau de minhas lentes. Vivemos num país em que seguidamente, nos últimos meses, crescemos a economia a um ritmo quase chinês, mas ainda temos diferenças sociais significativas, entre as diversas faixas de renda. Temos, ainda, perto de 20 milhões de analfabetos, em paralelo com uma juventude digitalmente incluída, que se comunica através de meios e ferramentas eletrônicas de comunicação, na Internet. Temos, assim, desafios de trazer parte da população para o século XX, junto com o entendimento e participação do que se constrói, se vive e se sonha atualmente.

Educação e política
Nas aulas que tive, no final dos anos oitenta, com o professor Paulo Freire, assimilei que a decisão de educar a população é um ato fundamentalmente político. As iniciativas de governo em educar, mostram resultados um pouco além dos calendários eleitorais, tal como vivemos hoje. Discute-se modelos de atividade econômica, gargalos logísticos ao desenvolvimento, alianças externas com a Bolívia, Irã ou Venezuela, mas pouco se fala da educação necessária. Algumas iniciativas são elogiadas, mas atribuídas ao populismo do governo no poder, tais como a interiorização das universidades públicas, a expansão do ensino tecnológico federal, nas modalidades de educação à distância. Temos iniciativas governamentais, tais como a Universidade Aberta do Brasil, que é um sistema integrado por universidades públicas, que oferece formação para camadas da população que têm dificuldade de acesso à formação universitária, por meio do uso da metodologia da educação a distância. De forma silenciosa e sistemática, cidades não contempladas com o ensino superior público, tais como Indaial e Itapema, sediam pólos desta modalidade de formação continuada.

Eu quero é mais
Este é o nome de uma dissidência de um bloco de carnaval em Olinda, chamado de Eu Acho é Pouco, que eu participava quando tinha idade e fôlego para as Folias de Fevereiro. Querer mais, sempre mais, deve ser a medida do que precisamos ter e fazer pela educação. Isto deve ser discutido não apenas em plataformas de candidatos a governos do estado e federal, mas também no nosso cotidiano, aqui no Vale do Itajaí, onde necessário for. Defender o ensino superior público, se possível de acesso universal e de qualidade, deve ser uma bandeira a ser cobrada aos nossos candidatos, a diferentes cargos eletivos, como forma de se conquistar autonomia, desenvolvimento sustentável, de se ter educação. Sempre mais.